quinta-feira, 13 de setembro de 2007

O Bronx

O condado do Bronx, que inclui o distrito homônimo, foi colonizado por europeus no século XVII, devendo o nome a um tal Jonas Bronck, sueco ou alemão que ali teve uma fazenda, daí Bronck’s, e depois Bronx. As etnias que hoje habitam a região chegaram por volta dos anos 30, enfrentaram decadência e pobreza até os anos 70/80, mas atualmente o distrito, pela oferta de moradia espaçosa e barata, as diversas opções de transportes públicos (metrô, trem e ônibus) e o comércio variado, vem atraindo artistas, o que em Nova York é sinônimo de sucesso e fama.

Andar pelo Bronx é como estar dentro de um filme do Spike Lee. Ouve-se a língua gingada dos negros e hispânicos, velhos italianos, comerciantes árabes, gregos, turcos ou europeus do leste, conversando entre si ou ao celular. Os jovens negros usam bonés com a aba para o lado, camisas imensas, tênis gordos e as calças ou bermudões começam aonde a bunda acaba. Entre os hispânicos, estão na moda barbichas e bigodes esquisitos. Todos com quem falei foram simpáticos e solícitos, e raramente ouço “modofocker”. Não há cachorros ou gatos de rua; mamífero comum são os esquilos, de várias espécies ou variedades (castanhos, pretos, listrados ou lisos), subindo e descendo dos onipresentes e bonitos carvalhos.

As ruas e as calçadas são largas e o trânsito flui bem, mesmo quando há carros estacionados em ambos os meios-fios, com exceção do horário do rush, quando nada em Nova York flui bem. E são limpas, embora eu não veja garis limpando-as sistematicamente, ou caminhões de coleta passando para cima e para baixo. Pelo que entendi, quem limpa as calçadas são os próprios moradores. Vêem-se poucos papéis e plásticos jogados nos canteiros, os cocos de alguns cachorros ficam pelo chão, mas são raras as guimbas de cigarro – aliás, os fumantes parecem ser minoria, o que é fácil de explicar: o maço de cigarros custa U$7. Os carros, todos, são bastante luxuosos para os nossos padrões (aqui seriam carros de ricos), e à noite ficam estacionados nas ruas, já que há pouquíssimas garagens. Vi apenas um com tranca no volante; na frente do meu prédio, até uma moto luxuosa passa a noite na rua. O único sinal de violência que reparei foi o furo de bala em uma janela. No geral, tanto de dia quanto de noite, é uma vizinhança silenciosa; à tardinha as crianças vão para a frente dos prédio com suas bicicletas e patins, à noite é a vez dos adolescentes agruparem-se em rodinhas para falar besteira, se pegarem, beber ou fumar maconha escondido. De dia, a polícia passa de vez em quando, sem stress, tanto quanto qualquer outro serviço público ou privado. Quando está nervosa, chega na intimidação: sirene à toda, luzes piscando, velocidade. Mas não pude vê-la em ação, o único caso de intimidação que ouvi alguém contar foi dentro do Jardim Botânico, onde um segurança, à base do “mão-na-cabeça-vagabundo”, teria abordado um visitante que pisava na grama, de forma inadmissível.

2 comentários:

RPD disse...

Me pergunto se mais alguém (do próprio Brnx) sabe tudo isso que vc disse sobre o bairro. Isso é que é pesquisa. Viu, eu sou um leitor assíduo.

Claudia Tojek disse...

Marcos; Se o sistema de limpeza de ruas for igual ao daqui, repara se nas ruas tem placa escrito street cleaning tuesdays or mondays...e nao tem gari. E um caminhao que vem com controloe remoto e pega as latas de lixo que os moradores colocam na rua no dia certo e o caminhao os esvazia. depois passa um outro caminhao com jato de agua e limpa.