segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Foi um Rio de que passou em Nova York

Hoje estou de partida para Los Angeles, para ficar uma semana com minha querida irmã Claudia. Então, para concluir essa grande viagem por NY, nada melhor que um bate-bola comigo mesmo.

Uma palavra: Astonishing! Sempre que um crítico, de cinema ou teatro, principalmente, está meio sem idéia sobre o que dizer da obra, ou mesmo o que achou dela, usa esse adjetivo – e sempre me vem à mente completar: “saúde”. Em segundo lugar, cabeça com cabeça, vêm “mesmerizing” (hipnótico) ou “must-see” (imperdível). Embora clichezões, refletem bem meus sentimentos em relação à cidade.

Uma frase: “Stand Clear of the Closing Doors, Please” (afastem-se das portas sendo fechadas, por favor), que é pronunciada em cada estação do metrô nova-iorquino. Como dos 40 dias na cidade eu devo ter passado uns 10 dentro do metrô, a frase ainda ficará ressonando em mim por um bom tempo. Mas não estou sozinho; o Google retorna quase 800 referências a ela...

Moda masculina: para ser cool em NY esta semana, a moda é ser japonês (na falta deste, qualquer oriental serve), jovem (até 25 passa) e muito magro (50 kg estourando). Se você se enquadra neste perfil, então atenção: aquela camisa xulé branca com gola esgarçada em “V”que você só usava para dormir, e mesmo assim quando a namorada não estava por perto, é o que há no momento. Acordou, é só sair. Se estiver frio, lance casualmente alguma coisa por cima, de preferência no estilo o-defunto-era-menor. A calça deve ser preta e colada ao corpo; nos pés, pasmem, tênis branco. E um iPod, claro, para garantir a beleza da indiferença. Uma figurinha assim acaba de sair na Time Out desta semana, seção “Out There” (Por aí), mas eu já tinho visto vários no mesmo padrão. Se por acaso você não se enquadra no perfil, nem fazendo regime, então paciência: seja elegante e já estará de bom tamanho.

Moda feminina: não reparei nenhuma moda específica feminina, até porque sou casado e não fico olhando para mulher.

Outras modas: Aquecimento Global, falar mal do Bush, alimentação eticamente correta, e documentários. Até diretores consagrados em filmes de ficção, como Barbet Schroeder (Mulher Solteira Procura) e Jonathan Demme (O silêncio dos Inocentes) estão lançando documentários. De Schroeder, assisti aqui O Advogado do Terror, sobre um argelino meio chinês que foi o advogado de defesa de alguns tiranos famosos, como Slobodan Milosevic e Carlos, o Chacal.

Uma foto: NY é talvez a capital mundial da saudade, das partidas e chegadas, das idas e vindas, do fluxo contínuo do passado para o presente. Então, para representar tudo isso, escolhi a foto abaixo, que tirei no Staten Island Ferry.

Um filme: Não é toootalmente astonishing, mas “La Vie em Rose”, filme biográfico sobre Edith Piaf, vale a pena pela atuação de Marion Cotillard, que parece incorporar a cantora francesa (edithpiafmovie.com). Bacana e estranho também foi ver Macunaíma num cinema todo americano, gigante e lotado. Não consigo imaginar o que deve ter passado pela cabeça daquela gente vendo aquele destrambelhamento total. E Dina Sfat, hum, no auge de sua beleza...

Um show: Project/Object Performing Music of Frank Zappa Featuring Napoleon Murphy Brock, sexta-feira, 12 de outubro, no Lions Den. A música de Frank Zappa já é uma aventura que navega pelo jazz, rock progressivo, psicodélico e irônico, com alguns toques de tropicalismo a la Mutantes, e o show desses caras em sua homenagem foi, como eu poderia dizer, mesmerazing! Quase 4 horas de duração, gente entrando e saindo para tocar e cantar, uma energia incrível, com direito até ao instrumento russo Theremin (patenteado em 1928), que se toca sem encostar a mão, e produz um som tipo disco voador de filme trash antigos.

Um sujeito: Jim Prochilo, ou simplesmente Jimmy. Meu grande companheiro nessa viagem, e só espero que não tenha ido à falência por minha causa, pois cismou de pagar tudo.

Um agradecimento: ao New York Botanical Garden, pela incrível oportunidade que me proporcionou, e aos amigos que fiz ali, pelo carinho e atenção com que me trataram.

Um comentário:

RPD disse...

Num intindi, qué dizê q todo homi casado é gay? Não vê muié? Eu hein?! Em LA vc vai ter que descrever as peruas que existem na cidade, e com riqueza de detalhes sórdidos... Plásticas... Maquiagem... Sapatos... PRESTATENÇÃO. Vale a pena!